sábado, 23 de junho de 2012

JEJUM: MITOS

Esse vai ser polêmico (ou não).

Após muita insistência no assunto, achei um treinador americano que utiliza o protocolo com seus clientes/atletas. (O da foto é um seguidor de Jejum Intermitente).

Vejamos:


O JEJUM LEVA O CORPO AO MODO "FAMINTO"

Quem nunca ouviu falar para comer de 3 em 3 horas pois se não o metabolismo desacelera e engordamos...?

ai ai... Vamos lá:

Repensando as primeiras partes do "Como o corpo funciona?", onde postei sobre como chegamos até aqui.
Pensando:

Antigamente não se tinha estoque de comida. Comia-se quando conseguia, depois de longas caminhadas, uma caça, por exemplo. Isso poderia durar até 2, 3 dias ou mais. Eis que nosso corpo se adaptou realmente  com uma diminuição na taxa metabólica. Ou seja, nosso corpo ficava mais econômico ainda. O detalhe é de quando isso acontece.

Este estudo 
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3661473),
 mostra que as primeiras evidências de baixa na taxa metabólica em resposta ao jejum ocorreram após 60 horas (apenas 8% de diminuição na taxa metabólica de repouso).
Em numeros reais:

Um indivíduo do sexo masculino de 1,75cm de altura, 75kg a 15% de gordura corporal, ATIVO fisicamente terá uma taxa metabolica basal de aproximadamente 1700kcal, o que quer dizer que após 2 dias e meio ele diminuirá para algo em torno de 1500kcal.

Paradoxalmente, a taxa metabólica aumentou no JEJUM A CURTO PRAZO. Expondo alguns números concretos, estudos têm mostrado um aumento de 3,6% à 10% após 36-48 horas (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2405717) e (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1083729).
Isso faz sentido do ponto de vista evolutivo. Epinefrina e norepinefrina (adrenalina / noradrenalina), aguça a mente e nos faz querer mover-se. Características desejáveis que nos incentivou a buscar alimento, ou para o caçador para matar suas presas. Em algum ponto, depois de vários dias sem comer, este benefício não conferem nenhum benefício para a sobrevivência e, provavelmente, teria feito mais mal que bem, ao contrário, uma adaptação que favoreceu a conservação de energia revelou-se vantajosa. Assim, a taxa metabólica é aumentada no jejum de curto prazo (até 60 horas).

Aqui vai uma polêmica maior:

Neste estudo (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8960647), verificou-se boxeadores que comem duas refeições por dia em uma dieta de 1.200 calorias perderam mais massa muscular do que o grupo que realizou seis refeições

OPA! Pera aí. Como assim?

Lyle McDonald resumiu bem:
Neste estudo, os boxeadores receberam 2 ou 6 refeições por dia, com quantidades idênticas de proteína e calorias foi examinada a massa magra perdida.

-O grupo de 2 refs/dia perdeu mais massa magra (nota: ambos os grupos perderam massa corporal magra, o grupo de 2 refs/dia simplesmente perdeu mais).

CONCLUSÃO:
Maior freqüência de refeições poupa massa magra??

Não é bem assim.

Nesse estudo, os pugilistas foram colocados em baixas calorias e, em seguida, uma quantidade inadequada de proteína líquida foi dada a ambos os grupos e as refeições eram divididas em 2 ou 6.

Como ja foi discutido, uma refeição típica sólida só vai manter um estado anabólico por 5-6 horas, com apenas duas refeições por dia, que é simplesmente tempo demais entre as refeições. E um cenário de 3 vs 6 refeições teriam sido mais realista.
Além disso, o uso de uma proteína líquida confunde ainda mais as coisas. Líquidos digerem muito mais rapidamente do que alimentos sólidos.
Uma certa conspiração, mas o estudo foi basicamente criado para prejudicar o grupo de baixa freqüência alimentar. Eles receberam uma quantidade inadequada de proteína líquida de rápida digestão sendo uma quantidade insuficiente para poupar a massa muscular. Mas se tivesse recebido uma quantidade suficiente de proteína sólida (por exemplo, 1,5 g / kg de massa corporal magra) com os mesmos intervalos? O resultado teria sido completamente diferente.

Nestas condições, uma freqüência maior de refeição pouparia massa magra. Mas quando, em primeiro lugar a ingestão de proteínas é adequada (e mais uma vez que geralmente significa que 1,5 g / kg de massa corporal magra), a freqüência da refeição não faz diferença. E é por isso que o estudo dos boxeadores é um tanto quanto preocupante. Uma quantidade insuficiente de proteína líquida administrada duas vezes por dia não é nada parecido como deveríamos fazer em uma dieta.

Então, em resumo, uma baixa ingestão de calorias juntamente com uma quantidade inadequada de proteínas na forma líquida que foi rapidamente absorvida, deixa o grupo de baixa frequência sem proteína disponível entre as refeições, fazendo com que gliconeogênese, recorresse à reservas endógenas de proteína (músculo). O déficit energético e grande e magreza dos pugilistas são também fatores a considerar.
Nada disso é aparente se você olhar o resumo do estudo (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8960647). Nenhuma ingestão de proteínas ou o tipo de proteína é mencionado. Detalhes que são fundamentais para conhecer neste contexto.

Lyle McDonald escreveu nos comentários:
"O mito 30 g /refeição esta por aí há décadas, muito mais velho que o documento de 1997. Tenho alguns palpites de onde ele veio.

Marketing: Baseio este no fato de que o valor foi alterado ao longo dos anos. Quando Met-RX vendia produtos com 30 gramas de proteína, 30g/ refeição foi o corte. Quando eles se mudaram para 42g/refeição, 42 gramas foi o corte. Weider provavelmente fez isso antes.

Estes estudos foram tirados de uma página de um treinador americano, Martin Berkhan, e o site dele é:

www.leangains.com

Aconselho a vistarem para ter uma ideia de seus clientes que utilizam o jejum intermitente como auxiliar na busca de saúde e estética.

Um abraço e boa leitura.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

JEJUM


Temida palavra. Jejum é sinônimo de catabolismo muscular, confusão mental, mau humor etc...

Será?

Meu assunto preferido (não necessariamente de grande domínio).

Um belo dia, um acadêmico em Educação Física, ectomorfo em predominancia, esguio, tentando a todo custo ganhar massa magra para deixar de ser pequeno, começa a treinar. Ótimo. Passam-se os meses, sem grandes mudanças. Sempre ouvindo conselhos e lendo fóruns que não deixam de ser opiniões empíricas sobre "COMO GANHAR MASSA MAGRA".

Passam-se os anos, e pouco resultado se vê. Muda treino, muda exercício, muda zona de repetições, muda alimentação... e mesmo assim, mal se vê um ganho.

Do início até o meio do 3º ano de treino, ganha apenas 10kg, saindo dos 68kg (muito bem distribuídos em 1,87cm de altura haha), e estagnando nos 78kg. 
Tudo bem... Conformado com o ganho lento de massa magra, ele sabe que sua predominancia de fibras não  se equivale a grandes ganhos de volume muscular. Então aceita seu ganho lento.

Eis que um dia, começa a estudar sobre jejum e sobre treinamento mais aprofundadamente. Descobre que não existe muita evidência sobre o assunto, mas mesmo assim, corre atrás.

Então, depois de muita leitura, resolve apostar suas fichas no Jejum Intermitente. 


-"Já estou estagnado a meses mesmo. O que de pior pode acontecer é perder um pouco de massa magra mas depois voltar ao padrão e recuperar."

Eis que depois de algumas semanas, ele nota que está um pouco maior e mais magro.

-"Não pode... Jejum causa perda muscular!! Como assim??"

Eis que depois de alguns meses, ele sobe até os 85kg. 

Algo aconteceu. Não é nenhum mito genético para dar um salto dessa proporção em alguns meses, visto que ganhou 10kg em 3 anos e meio de treino.

O que será que foi??


Começando:


O jejum é encarado com razão como um grande mecanismo catabólico. Mas e se for controlado?

É possível sim, desenvolver massa magra e perder gordura utilizando o jejum como arma a seu favor, e não como uma bala na cabeça.

O que se sabe sobre metabolismo energético no nosso corpo, é que ele prioriza glicose e gordura durante seus respectivos momentos e se a glicose sanguinea estiver normalizada. Nossa musculatura é formada por proteinas estruturais. Mas elas também contribuem como energia se necessário, por exemplo, em hipoglicemia.
Logo, se o corpo precisar, ele vai "quebrar" a musculatura para pegar tais aminoacidos e promover energia para sobreviver, VISTO QUE ISSO É O QUE REALMENTE IMPORTA PARA ELE.

Um momento clássico onde isso acontece é durante o jejum.

"Mas Alemão. Tu só pode estar fora da casinha (Gírias do Rio Grande do Sul, TCHE). Acabaste de falar que ganhaste peso e perdeste gordura usando o jejum mas tu dizes que ele é catabólico."

Foi exatamente isso que eu pensei quando comecei a ler sobre o dito cujo. 

Jejum = Hipoglicemia = Catabolismo de Aminos = Perda de massa magra = MAGRINHO.

Eis que penso numa questão e vou para cima dela:

QUANTO TEMPO OS ALIMENTO DEMORAM PARA SEREM ABSORVIDOS?

Isso foi respondido na parte 2 do "Como o corpo funciona?".

Se uma refeição padrão depois de 5 horas ainda mantem aminoácidos circulantes no sangue, quer dizer que o corpo não está degradando os mesmos para usar como energia, e a glicose durante 5 horas ainda está estabilizada. Então o que acontecerá se eu comer o dobro disso em uma refeição?

A resposta foi clara:

-Mais de 10 horas de sustentação de aminos e glicose.


Míto sobre Jejum - Pequenas refeições. 

Como é de conhecimento cultural comum, pequenas refeições divididas pelo dia (normalmente realizadas de 3 em 3hr), ajudam a evitar ataques de fome, a manter os níveis de glicose sanguinea estáveis e até manter saúde mental. Nosso corpo desenvolveu vários mecanismos para manter a glicose extremamente bem regulada dentro de limites impostos em pessoas saudáveis.
Considerando as consequencias evolutivas para a sobrevivencia, isto não poderia ser verdade, do contrário, não estaríamos aqui para discutir tal assunto. A manutençao da glicose é de alta prioridade no corpo e foi desenvolvendo vias eficientes para tal tarefa, mesmo sobre condições extremas. (http://en.wikipedia.org/wiki/Blood_sugar_regulation)

Este estudo (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3536834), demonstra um exemplo, que ao jejuar por 23hr, 9 homens correram a 70% de VO2Máx, e a glicose ainda se manteve estabilizada.

Outro estudo (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2405701), demonstra que levaria por volta de 84hr de jejum para os níveis de glicose caírem ao ponto de ocorrer confusão e/ou dano mental.

E sobre a glicose e a fome? 
Regulação dos níveis de glicose no sangue é um dos muitos mecanismos de feedback de curto prazo utilizado para regular a fome.
E a relação que existe entre baixa de glicose no sangue e sensação de fome é correta.
Baixa glicose apenas significa um menor intervalo. Isto está sujeito à inúmeros fatores de confusão, tais como a sua dieta habitual, o consumo de energia e genética.
Mais importante talvez, são os padrões de refeições, regulamentados pelo grelina (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18220691)
e outros hormônios metabólicos. Em essência, isso significa que a glicose segue a refeição-padrão que você está acostumado.
Isso é relevante para aqueles que temem problemas de glicose e fome em períodos regulares de jejum, pois serve para explicar por que as pessoas podem facilmente adaptar-se a períodos regulares de jejum, sem efeitos negativos. 

Resumindo:

-Conseguimos facilmente manter a glicose estabilizada (salvo hipoglicêmicos)
-Confusão mental é um caso muito a parte. Mais de 3 dias de jejum para começar a se ter essa consequência.
-É possível manter seu corpo com aporte de aminos e glicose por mais de 16 horas tranquilamente.

Com estes dados, eu me acalmei e confiei no jejum. Unido a estes estudos, vi que a insulina era melhor aproveitada se não a estimulasse toda hora. Logo, a única explicação venho a ter é que consegui absorver melhor os nutrientes por causa do jejum. Por causa do aumento da sensibilidade do meu corpo a insulina.

Manipulei meu corpo a meu favor, e deu certo.

O corpo prioritariamente utiliza, desde que na condição de glicose estável, gordura predominantemente durante o repouso. Isso se eleva durante a recuperação de um treino intenso. A contribuição dos aminoacidos para promover energia é de menos de 1% nesta condição.
Os aminoácidos só são recrutados para predominar em hipoglicemia, onde o corpo utiliza a glicose circulante no sangue. Se não der conta, busca glicose do alimento. Não deu mais conta, então vai para a glicose  estocada no fígado, e só após isso, ataca a musculatura para promover energia de aminoácidos (processo chamado gliconeogênese e ocorre no fígado).

Então não entrem em parafuso por passar 4 horas sem comer depois de uma refeição bem feita achando que está catabolizando.

-Alimentação provinda de alimentos sólidos, te sustenta muito mais do que se pensa;
-Aminoácido provindo de musculatura só é recrutado depois de todos os passos citados acima, coisa que para quem faz uma refeição de 35 a 50% do valor calórico total com macronutrientes bem divididos, pode ser após 18 horas.

Em breve, posto mais estudos sobre o assunto

Um abraço.





quinta-feira, 21 de junho de 2012

Como nosso corpo funciona? (PARTE 3)



Calma gente, são só frascos de insulina. Sem polêmica.


Liberação Pulsátil e Pico de Insulina.

Quando ingeridos fontes de carboidratos e proteínas, o corpo libera insulina (vide PARTE 2).

Mas será que realmente o padrão de comer de 3 em 3 horas promove uma melhor resposta desse hormonio altamente anabólico?

Neste estudo publicado por Arnal et al (1999), 
 foram comparados os efeitos de duas dietas compostas do mesmo número de calorias e com a mesma composição de macronutrientes:

1) concentrando 80% da ingestão protéica em uma única refeição e;
2) distribuindo a ingestão protéica em 4 refeições diárias.

De acordo com os resultados, a situação 2 levou à redução na massa magra, enquanto a situação 1 a manteve constante. Além disso, o grupo da alimentação pulsatil obteve melhor relação entre o anabolismo e o catabolismo protéico, com a síntese protéica 10% maior, e o catabolismo 11% menor. (ARNAL et al, 1999).


Como mostrado anteriormente, o corpo sabe administrar melhor quando se tem material bruto no seu estoque (estômago), e neste estudo não foi diferente.

Foi demonstrado que a divisão alimentar em várias refeições também por 
EL-KHOURY et al, (1995), onde um programa de 3 refeições com a mesma quantidade de macronutrientes mostrou-se superior em termos de metabolismo protéico ao de 10 refeições.

Por que "PULSÁTIL"?

Ao ingerirmos fontes com carbos e proteínas a todo momento, nosso corpo tende a ter picos insulínicos também a todo momento, o que o leva a uma saturação.
Ao ingerirmos fontes de carbos e proteinas divididos corretamente em poucas refeições, mas suprindo a necessidade diária, a administração se torna mais eficiente.
A insulina liberada por uma alimentação já tem seu caminho traçado. Ao ingerir outra refeição, o corpo terá de, mais uma vez, produzir e liberar mais um pico de insulina, e assim sucessivamente.

Essa saturação envolve menos sensibilidade nas fechaduras, ou receptores da insulina. O que o jejum ja faz o oposto. Isso mais para frente vai ser explicado.

O termo pulsátil é utilizado por manter poucos estímulos a produção de insulina. Com poucas refeições ela é liberada, e fica circulando até suprir a demanda que teve.

Outra ótima fonte de consulta é o site que o Prof. Dr. Paulo Gentil coordena:

http://gease.pro.br/ 

Onde ele estuda e segue os princípios de treino que sigo e acredito ser MUITO eficiente (HIT), e contém vários artigos sobre esse mundo de estética e saúde voltado para exercício.


CONFIRAM

Um abraço

Como nosso corpo funciona? (PARTE 2)

Aqui chego na minha parte favorita.


Nosso corpo tem uma atuação um tanto mais lenta pelo que se prega por aí.
O alimento, quando ingerido, demora mais do que se pensa para ser absorvido. Alguns com mais pico insulínico e outros com insulina pulsátil.


MAS QUE RAIOS É ISSO?


A insulina é um hormônio responsável pela passagem dos combustíveis pela celular muscular. Ela é como uma CHAVE que, quando colocada na fechadura da célula, permite que aminoácidos e glicose entrem nela para seus devidos fins.


Eles não conseguem passar sem a insulina "abrir a porta". Somente a gordura, que na circulação vai como AGL (Ácidos Graxos Livres), pode passar sem precisar da insulina.


Ela abre a fechadura, com isso, acionando os responsáveis (Glut-4), que são como seguranças/transportadores, que vem até a porta (membrana celular), pegam aminos e glicose, e os deixam entrar para a célula.


Quando ingerimos algum alimento, após ser absorvido, ele dá um pico de insulina no sangue,  que nada mais é que liberando várias "chaves" para abrirem as fechaduras das células, ordenando a absorção dos nutrientes para seus devidos fins.

Sabendo disso, agora posso explicar como é um pico insulínico e uma liberação pulsátil da mesma, mas primeiro, vamos ver como o corpo reage a determinados alimentos.

O sistema digestório funciona como uma fábrica. Os alimentos, a partir do momento que entram pela boca, caem em como se fosse uma esteira constante. Ela aumenta e diminui sua velocidade, mas nunca para.

COMO UM EDUCADOR FÍSICO VÊ:


Os educadores pira...

COMO NÓS VEREMOS AQUI:


Como mostra o desenho, temos várias sessões da nossa fábrica. Ela começa entrando pela boca, onde começa já o processo de quebra do alimento. A fábrica só consegue utilizar partes muito pequenas do produto inicial para seus devidos fins. Logo, implanta-se esta grande esteira.
O estômago, acaba por atuar como um estoque. Quando a comida cai lá, ela é processada e é enviado uma mensagem ao CENTRO DE CONTROLE, que seria uma região específica do cérebro, dizendo o que tem, o quanto se tem e aguarda uma resposta do que fazer com esse material bruto.
O CENTRO DE CONTROLE processa a informação, e envia um sinal de volta dizendo o que fazer com tal material. Mas não só para o estômago, e sim para todas as outras áreas envolvidas, como os auxiliares.
Como dito logo acima, a função de toda essa esteira é quebrar o material bruto até chegar no produto que se precisa para usar no corpo, que cai na corrente sanguinea e chega ás células que recrutaram tais nutrientes.

No caso:

Carboidratos - Glicose
Proteínas - Aminoácidos
Gorduras - Ácidos Graxos Livres

O que não for utilizado, ou não conseguir ser absorvido totalmente, vai pela saída, que ja sabemos bem como funciona hahaha...

Agora vem a grande questão:

-MAS QUANTO TEMPO ISSO DEMORA PRA ACONTECER?

Um estudo (
 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10331398 ), colocou um grupo de pessoas a fazer uma refeição bem padrão, com as seguintes características:


-75g de carboidrato
-37g de proteínas
-17g de gordura

E, através de medidas de sangue, verificou-se que após 5 HORAS
ainda tinham aminoácidos circulantes em valor mais elevado que o basal e a glicose se mantinha estabilizada. Ou seja, 5 horas após a refeição, as pessoas ainda estavam em estado anabólico. E a melhor notícia de todas: A refeição era PIZZA, cuja massa é feita de farinha branca, que teoricamente seria de absorção rápida por passar muito rápido na esteira, sem necessidade de grandes quebras até chegar no produto utilizável.

O que se pode concluir:

-Se após 5 horas, numa refeição como esta, ainda estamos com aminoácidos circulantes, para que vou jogar em 3h mais uma refeição?
-Como nossos ancestrais, é possível comer uma refeição bem grande e se manter anabolizando por 16 horas ou mais, dependendo de quais fontes de alimento foram utilizadas e a quantidade das mesmas.

O corpo evoluiu para isso. Ele estoca gordura com mais facilidade, mas aproveita melhor do que se pensa dos nutrientes.

Outros dois estudos mostram a ingestão de:

-Whey protein isolado

 
http://www.pnas.org/content/94/26/14930.long 

-Maltodextrina  http://www.edulife.com.br/dados%5CArtigos%5CNutricao%5CNutricao%20Esportiva%20e%20Suplementacao%5CSuplementacao%20de%20CHO%20e%20hipertrofia.pdf 

Ambos demoram, em média, 1 HORA para ter um pico alto de concentração no sangue de, no caso do whey, aminoácidos e da malto, glicose.
O whey isolado foi medido também depois de um jejum e a malto e malto + whey depois do exercício.
Ambas situações são de grande procura do corpo por nutrientes, e, mesmo assim, foi-se relatado por volta de 1 hora para absorção mais significativa.

Não são 10 a 30 minutos como se é pregado pela mídia. Logo, não precisa entrar em pânico para tomar os malditos em seguida que termina o treino.

Outro ponto que mostra bem isso são estes estudos:

-http://jp.physoc.org/content/587/7/1371

-http://www.jssm.org/vol9/n3/1/v9n3-1pdf.pdf

-http://jp.physoc.org/content/535/1/301.abstract?sid=594873f7-fa5e-46ed-b71b-4a2051f3f5f1

Que apresentam o pico de síntese proteica como sendo de 2 a 4 horas após o exercício. Estará por volta de 50% a 100% neste tempo. E poderá atingir até 109% dos valores basais por volta de 24 horas.

Para que tomar desesperadamente o whey+malto em seguida do treino?
Por que não tomar 1 a 2 horas após e aproveitar melhor a síntese proteica?

Não se esqueçam:

-Uma alimentação bem feita, pode segurar aminoácidos e glicose por 5 horas ou mais, dependendo da alimentação e das fontes da mesma. Logo, durante o treino, tu ainda estarás com ambos circulantes em boa quantidade se o mesmo for executado dentro deste período.

-Os exemplos e estudos citados são com base em pessoas saudáveis.



Em breve, posto mais informações e o próximo tópico sera sobre JEJUM.
Espero que seja esclarecedor como foi para mim.

Um abraço





Como nosso corpo funciona? (PARTE 1)

Quem nunca ouviu falar da necessidade de se comer de 3 em 3 horas para manter o anabolismo?

-"Mas Alemão, sempre ouvi dizer que se não comer de 3 em 3 horas, pode-se ter mau-estar, perderá massa magra, engordará quando comer depois desse tempo... A fome me deixa de mal-humor. EU PRECISO COMER TODA HORA POR QUE EU COMO MUITO."

...

Comecei aqui a me perguntar o "Por Quê?" das coisas.
Para que comer de 3 em 3 horas? Quem tem tempo de comer o que se deve (não porcarias), neste período de tempo? E o jejum? Como ele funciona para dizerem que se não comer TODA HORA se catabolizará?

Busquei e tive respostas interessantes.



Começando:

Nosso corpo teve sua última evolução metabólica e comportamental por volta de 50.000 anos atrás. Naquela época, não existia pozinho de proteína, nem geladeira para armazenar comida, nem lugar fixo para ficar, nem segurança (bom, hoje em dia também não temos hehe...). Enfim, não tínhamos o que queríamos e quando queríamos para suprir nossas necessidades de sobrevivência. Ao contrário de hoje.

Até os 50.000 anos atrás, o corpo humano veio desenvolvendo grandes mecanismos para guardar energia e sobreviver, visto que isso é o que realmente importa para ele. Como a comida era escassa e se mantinham longas horas de jejum, o corpo adaptou-se e começou a criar "impecílios" para não gastar energia a esmo. Outro mecanismo foi estocar energia na forma de gordura. (Para quem não sabe, a gordura oferece pouco mais que o dobro de energia para o corpo que o carboidrato).
Mais mecanismos, mais eficiência.

Logo, éramos capazes de caçar, fugir, subir em árvores, cavar, pesca, mover pedras enormes etc.. Tudo isso durante jejuns e períodos de alimentação pesada.

-"Mas então, como eles sobreviveram se faziam atividade física em jejum? Isso não mata?"

Pois é. Não é a toa que tu, eu e as outras 7 bilhões de cabeças no mundo estamos aqui.

O que mudou nestes vários anos todos foi simplesmente nossa rotina comportamental diária e nossos hábitos alimentares.

AINDA estocamos gordura com uma facilidade absurda (acho que dá pra ver!!). Não teve mudança metabólica alguma.

Já pararam para pensar na sua rotina diária de atividade física?

O que digo aqui é a nível de grande população:

-Sentados a maior parte do tempo;
-Ingerindo absurdamente mais do que necessita para manter-se vivo;
-Ingerindo de maneira desproporcional carbos, proteínas e gorduras;
-Buscando fontes desnecessárias para o mesmo;
-Estressando mentalmente demais;
Entre outros comportamentos.

"Mas Alemão, como eu vou comer de 3 em 3 horas para não perder massa magra e não engordar se não tenho tempo para fazer comida por que trabalho (ou passo na frente do computador), o dia inteiro?"

Aí que começa o erro. Buscando fontes de combustível desnecessárias.
Comidas como:

-biscoitos;
-sucos artificias de caixinha e garrafas;
-refrigerantes/energéticos;
-pratos feitos congelados (lasanhas, etc...);
-frituras;
-bolos;

Entre a grande parte das comidas que normalmente se busca, fornecem energia demais para o tempo em que ela será digerida e absorvida. Logo mais a frente explicarei como isso funciona.

Portanto, então, todavia, vemos aqui que o que nos mata e nos engorda são simplesmente nossos hábitos.

Agora na PARTE 2, explico como a comida passa e é absorvida pelo nosso corpo.

Um abraço.




quarta-feira, 20 de junho de 2012

Por que este blog?

Muito tempo se passou. Experiência aumentando e o mesmo blá blá blá de sempre com pouco material que presta rolando solto pela internet.

Amigos entrando em sites com promessas milagrosas de corpos surreais, pelo menos na realidade a nível de população (nós, meros mortais).

Até onde isso vai?
Até onde as pessoas entrarão em sites prometendo corpos esculturais com produtos em pó que são absurdamente caros?
Até onde as pessoas acreditarão que é possível uma pessoa barriguda ficar com a barriga chapada em 1 mês?

Por estes e outros mitos que venho criar este blog.
Quero, através da maravilhosa fisiologia, principalmente fisiologia do exercício, explicar os porquês e como do nosso corpo, seja para busca estética (perda de gordura e ganho de massa magra), ou por condicionamento em geral.

Espero ajudar a disseminar conhecimento dentro do meu alcance em uma linguagem acessível ao público, sem enrolações, de anatomia, fisiologia do exercício, experiência com treinamento. Que não seja julgado pelo corpo, mas sim pelas ideias. E ser questionado. Conversar com todos que puder. Trocar experiências e conhecimento

Um abraço e boa leitura.